sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Engraçado, sempre achei que ser jornalista era a coisa mais incrível, pois afinal de contas a inteligência em um jornalista, deve ser a primeira coisa a saltar a nossos olhos, então decididamente, por algum tempo, quiz ser jornalista, acabei desistindo, porque? faltava-me a inteligência!
depois comecei a pensar sobre ser escritora, mas de alguma coisa legal, como textos comicos, outra coisa que acabei deixando para traz, porque? faltava-me senso de humor!
Hum, desejei então advogar, que super, falar todas aquelas coisas importantes e difíceis, chamar de meretíssimo e tal, de-sis-ti, falta-me eloquência!
Pensei então seriamente em seguir carreira de investigadora criminal, que maravilha hem, ver cenas de crimes, perceber detalhes, montar o quebra cabeça, advinhem? curiosidade insuficiente!
Não sou criativa, nada delicada, não sou audaciosa, talvez nem determinada. Não sou nem um pouco elegante, nem brilhante, nem inteligente! não sei decifrar códigos, nem conheço essa tal de inspiração. sou medrosa, e não tenho uma perfeita cordenação motora, não sei falar outra língua, só desenho rabiscos!
Enfim, o que estou tentando dizer é que me tornei instrutora teórica de autoescola!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sem título, sem nome, vazio, frio e estagnado!

Estou estagnada!

Sinto como se todo o rio da minha vida, tivesse desembocado não num mar imenso e cheio de surpresas, fluindo em ondas fantásticas e explodindo em extase na praia. mas é como se o rio da minha vida tivesse desembocado em um lago, calmo, parado e gelado.
Estou olhando ao redor, não há movimento nas aguas, esta tudo parado como se nem uma brisa, suave que seja, possa formas algumas ondas!
Olho pra mim ao espelho, o que vejo? sinceridade? não consigo ver nada, a única coisa que as vezes sorri um sorriso quase maquiavélico no espelho é o medo, medo de onde estou, medo de jamais sair desse lago sem ondas, estagnado!
Como vim parar aqui? meu caminho parcia tão certo, quando eu olhava ao longe podia ver um mar agitado e cheio de ondas, podia sentir o cheiro da agua se revirando em vida, ouvia o som ensurdecedor do quebrar das ondas, que arrastavam a areia branca para a praia, eu conseguia ver vida no fim do meu caminho!
devo ter trocado meus caminhos em algum momento, o rosto no espelho não me diz nada, absolutamente nada, são apenas olhos vazios, lábios calados!
As vezes tenho um pensamento tão louco, que não aprece ser meu, parece ser uma idéia sussurrada em meus ouvidos, mas em algum momento esse pensamento vem e de tão insano parece ser a cousa mais viável, penso que estou morta!
Talvez toda a vida em mim dissipou-se, e eu nem percebi que aos poucos morria, quem sabe seja apenas um corpo sem vida, sem reações vivendo entre os vivos.
Uma carne que não se decompõe, olhos que não se fecham, coração que não bate, pulmões que não respiram! não sei se todos ao meu redor conseguem perceber essa gravidade, parece-me que não, eles me olham, vejo que seus lábios movimentam-se formando sons, juntando palavras, formando frase, tentando em vão dialogar comigo, eles não percebem, não conseguem ver, pois estão ali ao meu lado, mas não vem a falta de vida em mim! penso em perguntar, em berrar a eles, "como não conseguiram perceber que eu morria!" mas falta-me forças, e sentimento para me expressar, eu apenas os olho, e os deixo falar, e falar, eles não conseguem ver mesmo!
E assim arrasto esses meus dias, sem vida, vazia, estagnada!
Quando será que foi meu ultimo suspiro, qual foi o ultimo dia em que teve vida em mim, oh! eu não percebi que morria!
Estou perdida, só e vazia, uma vez eu lembro, me falaram de esperança, de sonhos, de realizações e conquistas, me falaram de coisas incríveis, e eu realmente acreditei, acreditei sim, era o que motivava, era o que estampava em meu rosto aquele sorriso, era o que soava em meu riso, mas fui percebendo que eram apenas fantasias vividas em conjunto, eram só palavras, primeiro morreu o som do riso, depois apagou-se o sorriso, até sumir o brilho do olhar, estou morta!
Olho pra mim no espelho, até meu medo morreu, foi-se, não existe medo aos mortos, não existe nada, apenas vazio, e estagnação!
Morria e ninguém percebeu, morri e ninguém percebe!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Daqui onde estou posso ver o Oleiro!
Ele prepara um novo vaso, vejo suas mão habilmente moldarem as formas arredondadas e perfeitas, há tanta serenidade em seu rosto, há tanta luz na olaria!
escuto o crepitar do fogo no forno, alguns vasos estão lá!
Olho as prateleiras, cheias de vasos, de todas as cores e tamanhos. O Oleiro agora olha o vaso que terminou, e calmamente coloca-o para secar, passa ao lado de uma das prateleiras, olha por longo tempo vaso a vaso, e escolhe um! olha para esse demoradamente, e percebe uma pequena rachadura, leva-o até a mesa, e aos poucos vai quebrando o vaso, pedaço a pedaço, tudo que posso ver é seus olhos tão bondosos, olhando cada pedacinho com tanto amor, Ele terá de fazer esse vaso outra vez!
Lembro-me dos dias em que estive naquelas prateleiras, Ah! quão maravilhoso era, o Oleiro usava-me todos os dias, guardava em mim um óleo perfumado, e todos os dias pegava em suas mão algumas gotas desse óleo. 
Mas teve um dia, lembro bem, em que meus olhos avistaram o mundo além da janela da olaria, parecia haver tanta coisa lá fora, e comecei a passar meus dias a aspirar a vida lá fora!
Nem percebia que o Oleiro já nem usava mais meu óleo, pois estava já sem aroma, estava já quase seco! então de repente parei aqui, não lembro quando, mas deve ter sido em uma das minhas tentativas de pular pela janela para a vida lá fora.
Quanto tempo estou aqui? não sei, mas parece-me uma eternidade, é escuro aqui, há tantas pedaços de mim espalhados que sinto que nunca mais poderei ser inteiro outra vez! há tanto pó em meus pedaços, insetos fizeram de partes de mim sua morada. quanta ironia de vaso de óleo perfumado a cacos que se tornaram morada de insetos!
Olho as mãos do Oleiro, quanta saudade sinto delas, quanta saudade tenho do seu toque! estou aqui embaixo dessa prateleira, ah, se o Oleiro soubesse que estou aqui, se Ele pudesse me ver! Mas foi eu quem procurei por isso, agora percebo como a vida na olaria é a melhor que há, não existe nada melhor que ser vaso do Oleiro, mas é algo do meu passo, pois agora estou aqui, em tanto pedaços. E mesmo que houvesse outra alternativa, poderia o Oleiro me perdoar? perdoaria-me por ter eu desejado outra vida?
Mas ao menos estou vendo-o, e entre viver longe do Oleiro e viver aqui, em pedaços mas perto Dele, mil vezes preferiria viver em pedaços mas perto Dele!!!
Há tanta paz na olaria, Ele terminou seu trabalho com o vaso, esta deixando o vaso secar agora, vejo seu andar manso, Ele pega uma vassoura que esta próxima ao forno, e começa a limpar a olaria, vai varrendo pedacinho por pedacinho, Ele se aproxima do local onde estou, mas Ele não pode me ver, estou aqui embaixo, perdido!
Mas, Ele me varre, Oh! Ele me encontrou, Ele varre cada pedaço de mim, posso quase tocar seus pés agora, a orla de suas vestes encostam em mim! os Olhos do Oleiro olham meus pedaços, e suas mãos me alcançam, Ele me põe sobre a mesa!
- Oh! você estava perdido? sinto falta de seu óleo! vamos ter um pouco de trabalho aqui! mas logo logo perfumarei minhas mãos com seu óleo.
O Oleiro, sorri para mim, Ele me encontrou! Ele vai me fazendo de novo, pouco a pouco vou adquirindo forma, é difícil passar pelo forno, mas o resultado final é indiscritível, estou feliz!
- Hum! esta mais bonito que antes, não acha? - o Oleiro me olha com olhar de satisfação, coloca-me na parteleira outra vez! estou tão cheio, que quase transbordo, ele perfuma suas mão com meu óleo!
Olho ao redor, há tanta alegria em mim, nada se compara a vida na olaria, nada se compara a ser vaso cheio do óleo perfumado do Oleiro!
vejo no canto do armário, um vaso olhando pela janela, ele suspira! me chego perto dele
- Amigo! nada se compara a vida na casa do Oleiro...